Venezuela vira novo ponto de atrito entre Lula e Trump em meio à negociação do tarifaço

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Presidente do Brasil criticou escalada militar dos Estados Unidos contra o regime de Nicolás Maduro e disse que ‘nenhum outro chefe de Estado tem que dar palpite’ sobre o país caribenho

Sarah Yenesel/Jim Lo Scalzo/EFE

Montagem com fotos de arquivo do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (à esq.), e do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump

A expectativa do governo brasileiro é de que Lula e Trump se encontrem até o fim do ano

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A crise na Venezuela reacendeu tensões entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos e ameaça interferir nas negociações para o fim do chamado tarifaço, pacote de sanções e sobretaxas impostas por Washington a produtos brasileiros desde agosto. Durante discurso no congresso do PCdoB, em Brasília, nesta quinta-feira (16), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que “o povo venezuelano é dono de seu destino” e criticou ingerências estrangeiras no país vizinho. Sem citar diretamente o presidente americano, Donald Trump, Lula disse que “nenhum outro chefe de Estado tem que dar palpite sobre como deve ser a Venezuela ou Cuba”.

A fala ocorre em meio à escalada militar dos Estados Unidos na região do Caribe. O governo Trump confirmou nesta semana que autorizou a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano com o objetivo de derrubar o presidente Nicolás Maduro, acusado pela Casa Branca de ligação com o narcotráfico. Washington também enviou navios de guerra para a costa da Venezuela e intensificou ataques contra embarcações que, segundo os EUA, estariam envolvidas com o tráfico de drogas.

Em reação, Caracas colocou tropas em alerta e convocou civis para treinamentos militares. Maduro afirmou que “não quer uma guerra no Caribe ou na América do Sul” e acusou Trump de tentar provocar uma mudança de regime para se apoderar do petróleo venezuelano.

Nos bastidores, o governo brasileiro vê o agravamento da crise como uma ameaça ao diálogo bilateral sobre tarifas e sanções. Segundo auxiliares do Planalto, Lula pretende argumentar, em um encontro presencial com Trump, que qualquer ação militar na Venezuela desestabilizaria toda a região e fortaleceria o crime organizado.

Reaproximação após encontro na ONU

O chanceler Mauro Vieira classificou como “ótima e produtiva” a reunião que teve nesta quinta-feira com o secretário de Estado americano, Marco Rubio. Segundo ele, as conversas foram construtivas e mantiveram o “espírito de cooperação” demonstrado na ligação recente entre Lula e Trump. Ainda assim, o Itamaraty reiterou a posição contrária do Brasil a intervenções militares e defendeu uma “saída diplomática” para a crise venezuelana.

A expectativa do governo brasileiro é de que Lula e Trump se encontrem até o fim do ano para tentar avançar na normalização das relações comerciais. Há a possibilidade de que a reunião ocorra na Malásia, durante o encontro da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), nos dias 26 e 27 de outubro, ou na Cúpula das Américas, em dezembro, na República Dominicana.

A reaproximação entre os dois países aconteceu após aceno de Trump a Lula durante a Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, no final de setembro. Em seu discurso, o presidente americano revelou que conversou brevemente com o brasileiro e que havia sentido uma “química entre os dois”, além de elogiar o petista. Depois disso, Lula amenizou o tom contra os Estados Unidos e chegou a falar, em tom descontraído, que havia pintado “uma indústria petroquímica”.

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Enquanto as tratativas prosseguem, a Venezuela se consolida como um novo ponto de atrito entre os dois presidentes — um tema que ameaça colocar à prova a reaproximação diplomática entre Brasília e Washington.

*Publicada por Felipe Dantas

*Reportagem produzida com auxílio de IA

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