Inflação avança 5,35% em 12 meses e estoura o teto da meta em 2025

3 meses atrás 18

Os preços de bens e serviços do país avançaram 0,24% em junho — o que representa um recuo de 0,02 ponto percentual em comparação a maio (0,26%). Em 12 meses até junho, a inflação acumula alta de 5,35%, confirmando o estouro da meta em 2025. 

A meta para 2025 é de 3%, com variação de 1,5 ponto percentual, com piso de 1,5% e teto de 4,5%, conforme estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Ela será considerada cumprida se oscilar dentro desse intervalo de tolerância.

É a primeira vez que a meta será descumprida no novo regime, que utiliza o acumulado de 12 meses, chamado de meta contínua. Se o acumulado ficar acima do fixado por seis meses consecutivos, a meta é considerada descumprida.

Os dados fazem parte do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, divulgado nesta quinta-feira (10/7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


O que é IPCA

  • O IPCA é calculado desde 1979 pelo IBGE. O índice é considerado o termômetro oficial da inflação e é usado pelo Banco Central para ajustar a taxa básica de juros, a Selic.
  • Ele mede a variação mensal dos preços na cesta de vários produtos e serviços, comparando-os com o mês anterior. A diferença entre os dois itens da equação representa a inflação do mês observado.
  • O IPCA mensura dados nas cidades, de forma a englobar 90% das pessoas que vivem em áreas urbanas no país.
  • O índice pesquisa preços de categorias como transporte, alimentação e bebidas, habitação, saúde e cuidados pessoais, despesas pessoais, educação, comunicação, vestuário, artigos de residência, entre outros.

BC manda carta para a Fazenda

Com o descumprimento da meta, o Banco Central precisa divulgar uma carta aberta ao titular da Fazenda e presidente do Conselho Monetário Nacional, o ministro Fernando Haddad.

No texto, o presidente Gabriel Galípolo terá que expor as razões para o estouro. Isso porque o BC é responsável pelo controle da inflação, por meio da taxa de juros, definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) a cada 45 dias.

Previsão é que a carta aberta seja publicada às 18h desta quinta.

Inflação em junho

Embora tenha subido, o IPCA desacelerou na passagem de maio a junho. No entanto, o resultado ficou ligeiramente acima do esperado por analistas do mercado financeiro. A mediana das previsões do relatório Focus era de alta de 0,23%.

O resultado mensal foi influenciado pela alta de 2,96% da energia elétrica residencial, com a vigência da bandeira tarifária vermelha no patamar 1. Esse foi o subitem de maior impacto individual no índice, com incremento de 0,12 ponto.

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, em junho, apenas o grupo Alimentação e bebidas, de maior peso no IPCA, apresentou variação negativa (-0,18%), enquanto os demais subiram ou ficaram estáveis.

Confira o resultado, por grupos, do IPCA:

  • Alimentação e bebidas: -0,18%;
  • Habitação: 0,99%;
  • Artigos de residência: 0,08%;
  • Vestuário: 0,75%;
  • Transportes: 0,27%;
  • Saúde e despesas pessoais: 0,07%;
  • Despesas pessoais: 0,23;
  • Educação: 0%; e
  • Comunicação: 0,11%.

Veja o impacto, por grupos, na inflação em junho:

  • Alimentação e bebidas: -0,04 ponto percentual;
  • Habitação: 0,15 ponto percentual;
  • Artigos de residência: 0 ponto percentual;
  • Vestuário: 0,04 ponto percentual;
  • Transportes: 0,05 ponto percentual;
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,01 ponto percentual;
  • Despesas pessoais: 0,02 ponto percentual;
  • Educação: 0 ponto percentual; e
  • Comunicação: 0,01 ponto percentual.

Energia elétrica pesa no bolso

A energia elétrica residencial, que integra o grupo de Habitação, foi o subitem com o maior impacto individual no IPCA de junho. A energia elétrica subiu 2,96% e exerceu impacto de 0,12 ponto percentual.

O IBGE ressalta que a vigência da bandeira tarifária vermelha no patamar 1, definida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em junho adicionou R$ 4,46 na conta de luz a cada 100 KWh consumidos.

Para Fernando Gonçalves, gerente do IPCA, “a energia elétrica residencial tem pesado no bolso das famílias”. No acumulado até junho, a energia tem alta de 6,93%, maior variação para um primeiro semestre desde 2018, quando foi de 8,02%.

“No início do ano, com o bônus de Itaipu, houve queda em janeiro, reversão em fevereiro e, depois, bandeira verde. No mês passado, entrou em vigor a bandeira amarela e, agora, a vermelha”, relembra Gonçalves.

Ainda em Habitação, houve reajuste na taxa de água e esgoto (0,59%).

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