Jair Bolsonaro e Donald Trump na Casa Branca, em Washington. 19/03/2019 (Andrew Harnik/Getty Images)
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A foto dos presidentes Lula da Silva e Donald Trump sorrindo em seu primeiro encontro, em Kuala Lumpur, na Malásia, neste domingo, simboliza a maior derrota do bolsonarismo desde as eleições de 2022. Trump era a última esperança de Bolsonaro em manter alguma relevância internacional apesar da condenação de 27 anos por tentativa de golpe de Estado. Acabou. Não apenas Trump desistiu de Bolsonaro, como o governo Lula ganhou um novo lema: “o que Bolsonaro estraga, Lula conserta”.
O encontro de 50 minutos resultou numa ordem para que os ministros dos dois países avancem em temas como as sanções comerciais de 50% sobre produtos brasileiros (especialmente café e carne), o acesso de empresas americanas às reservas de terras raras, redução nas taxas de importação para etanol americano, fim do discurso de desdolarização do comércio brasileiro, pressão militar dos EUA contra a Venezuela e o fim das sanções contra ministros do STF. Haverá acordo sobre todos esses pontos? Provavelmente não, mas o clima de beligerância acabou. Por enquanto, a realpolitik venceu a ideologia.
Como tudo envolvendo Trump, a foto amigável de Kuala Lumpur pode ser apenas uma trégua, mas há indicações razoáveis para supor que o Brasil deixou de ser um tema para a Casa Branca. Parte desse indicativo é o fato de que o secretário de Estado Marco Rubio deixou de ser o único interlocutor americano e agora está acompanhado do secretário do Tesouro Scott Bessent e do representante comercial, Jamieson Greer. A primeira reunião deve ocorrer nesta segunda-feira, pelo horário da Malásia.
A imagem dos dois presidentes vale mais do que mil postagens da família Bolsonaro buscando desesperadamente algum sinal de que não foi esquecida. Foi. Eduardo Bolsonaro ajudou a recuperar a popularidade de Lula, lembrou à elite econômica que a família tem compromisso apenas com os seus interesses, desmobilizou as manifestações contra a condenação do pai e intimidou o surgimento de Tarcísio de Freitas como candidato da direita. Mesmo que o governo brasileiro não consiga um bom acordo, Lula já ganhou o que precisava para largar na frente na campanha de 2026.
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