O fim do ciclo reprodutivo feminino marca mais do que uma virada hormonal. Com a queda brusca dos níveis de estrogênio, a menopausa impõe um novo desafio à saúde da mulher: o aumento expressivo do risco de doenças cardiovasculares. É nesse momento que o coração pede mais atenção — e o corpo, mais cuidado.
Durante a fase fértil, o estrogênio age como um verdadeiro escudo invisível para o coração da mulher. O hormônio mantém os vasos flexíveis, controla o colesterol, ajuda a regular a glicemia e colabora com a pressão arterial. No entanto, esse equilíbrio muda com a chegada da menopausa.
“Com a queda dos níveis de estrogênio, essa proteção natural se perde”, explica a ginecologista Laura Gusman. “Os vasos tendem a se tornar mais rígidos e estreitos, a pressão sobe e o metabolismo da glicose e dos lipídios piora. Tudo isso contribui para um aumento significativo do risco de doenças cardiovasculares como infarto e AVC.”
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Sinais que pedem atenção
Ao contrário dos homens, mulheres muitas vezes não apresentam os sintomas clássicos de um problema cardíaco. O infarto, por exemplo, nem sempre chega com dor no peito, irradiando para o braço.
“Os sinais podem ser mais sutis: cansaço fácil, falta de ar aos pequenos esforços, palpitações, inchaço nas pernas”, alerta a médica ao Metrópoles. “É justamente por serem discretos que esses sintomas acabam negligenciados”.Ficar atenta ao corpo e procurar ajuda médica diante de qualquer alteração é fundamental.
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A menopausa é uma fase natural da vida feminina, mas traz mudanças até dolorosas para o corpo
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Definida pela interrupção definitiva da ovulação, é a última menstruação, e ocorre entre os 45 e os 55 anos
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Suplementos vitamínicos ajudam a aliviar sintomas na menopausa
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A menopausa não ocorre de forma abrupta. A transição é gradual e pode durar entre cinco e dez anos, dependendo do organismo de cada mulher
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A menopausa é caracterizada pelo desequilíbrio hormonal no organismo das mulheres
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O ganho de peso é uma consequência comum da menopausa, mas não é uma regra
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Quando a menopausa chega antes da hora
A menopausa precoce — que ocorre antes dos 40 anos — representa um risco ainda maior. “Quanto mais cedo a mulher perde o estrogênio, mais tempo ela ficará exposta aos seus efeitos negativos”, afirma Laura.
Essa condição pode ser natural ou provocada por cirurgias, quimioterapia, radioterapia ou doenças autoimunes. Em todos os casos, o acompanhamento especializado precisa ser mais rigoroso.
“Além do estilo de vida saudável, é essencial avaliar, junto ao médico, se a reposição hormonal é indicada”, orienta a ginecologista.
A terapia hormonal protege o coração?
A reposição hormonal costuma ser procurada por aliviar os sintomas típicos da menopausa, como ondas de calor, insônia e irritabilidade, mas seus benefícios podem ir além.
“Ela não é indicada exclusivamente para proteger o coração, mas pode ajudar indiretamente”, explica Laura Gusman.
Segundo a médica, a melhora no perfil lipídico, no metabolismo e na sensibilidade à insulina são efeitos positivos possíveis, desde que o tratamento seja iniciado na janela certa, logo no início da menopausa, e em mulheres sem contraindicações.
“Cada mulher é única. Não se trata de receita pronta. A avaliação deve ser individualizada”, diz a profissional.

Estilo de vida: o maior remédio
Além do acompanhamento médico, o segredo para manter o coração saudável durante e após a menopausa está nos hábitos diários.
“Alimentação equilibrada, rica em frutas, vegetais, grãos integrais e boas fontes de gordura, é essencial”, afirma a ginecologista Laura.A atividade física regular, pelo menos 150 minutos por semana, ajuda a manter o peso, melhora a circulação e regula a pressão.
Evitar o cigarro, reduzir o álcool, dormir bem e cuidar da saúde emocional completam o pacote de proteção. “Pequenas mudanças consistentes no dia a dia têm um efeito muito maior do que se imagina”, conclui a médica.