Quem são os clãs que desafiam o Hamas e podem assumir o controle de Gaza

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Destruição na Cidade de Gaza, capital e maior cidade da Faixa de Gaza (Foto: MOHAMMED SABER/EFE/EPA)

No seu plano de paz para a Faixa de Gaza, cuja primeira fase está em andamento, o presidente americano, Donald Trump, propôs que uma administração palestina de “tecnocratas”, supervisionada por um órgão internacional de transição, faça a gestão do território até que a Autoridade Palestina (que governa partes da Cisjordânia) “conclua seu programa de reformas” e “possa retomar o controle de Gaza de forma segura e eficaz”.

O grupo terrorista Hamas, que atualmente administra o enclave, concordou em libertar os reféns israelenses que permaneciam em Gaza (primeira fase do plano, junto do cessar-fogo com Israel que está em vigor) e, posteriormente, ceder a gestão do território para a administração palestina de “tecnocratas”, desde que haja “consenso nacional palestino e apoio árabe e islâmico”.

Entretanto, desde o cessar-fogo iniciado na semana passada, o grupo terrorista vem tentando reafirmar seu poder em Gaza e está enfrentando clãs locais que o desafiam. Várias pessoas morreram nesses confrontos e o Hamas executou homens vendados em praça pública, segundo imagens divulgadas nas redes sociais nos últimos dias.

Com o grupo terrorista enfraquecido por dois anos de guerra, esses clãs podem tomar o controle de Gaza antes que a administração provisória delineada por Trump assuma a administração do enclave palestino. Confira informações sobre alguns desses grupos:

Forças Populares

Dos clãs que desafiam o Hamas, o mais conhecido é o Forças Populares, liderado por Yasser Abu Shabab, que atua na região de Rafah (na fronteira entre Gaza e o Egito) e teria cerca de 400 homens sob seu comando.

Shabab é acusado pelo Hamas de colaborar com Israel, o que nega, embora em junho o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, tenha admitido que seu governo estava fornecendo armas para alguns clãs de Gaza.

Um oficial do governo israelense disse à agência Associated Press que as Forças Populares estavam entre os grupos ajudados.

Em maio, Shabab publicou nas redes sociais imagens de seus homens armados recebendo e organizando a logística de caminhões de ajuda humanitária.

Shabab também foi acusado pelo Hamas de ter saqueado caminhões, mas argumentou que é um “líder local que se posicionou contra a corrupção e os saques” de cargas de ajuda humanitária por parte do grupo terrorista.

Clã Doghmosh

Segundo informações da agência Reuters, Mumtaz Doghmosh já liderou o braço armado dos Comitês de Resistência Popular na Cidade de Gaza e formou o Exército do Islã, aliado do Estado Islâmico.

Essa facção foi aliada do Hamas, com quem participou de um ataque em 2006 no qual o soldado israelense Gilad Shalit foi sequestrado em Kerem Shalom, na fronteira de Israel com a Faixa de Gaza – o militar foi libertado em uma troca por prisioneiros palestinos em 2011.

Porém, o Hamas entrou em conflito com o clã de Doghmosh no passado devido à sua recusa em se desarmar e ao sequestro de um repórter britânico pelo Exército do Islã. Desde o último fim de semana, membros do clã entraram em confronto com o grupo terrorista.

Clã Al-Majayda

O clã Al-Majayda atua na região de Khan Younis, cidade no sul da Faixa de Gaza. Membros do Hamas invadiram a região dominada pelo grupo no início deste mês, em busca de suspeitos de terem matado integrantes do grupo terrorista, operação que resultou em várias mortes dos dois lados.

Apesar disso, lideranças do Al-Majayda divulgaram na segunda-feira (13) um comunicado nas redes sociais afirmando apoio à “campanha de segurança” lançada pelo Hamas para manter “a lei e a ordem” em Gaza e pediram cooperação dos membros do clã.

Outros clãs

Outros grupos de menos destaque operam em Gaza e são uma ameaça ao Hamas, como o clã de Rami Hellis, que atua no bairro de Shejaia, na Cidade de Gaza, e, segundo reportagem do The Guardian, mais de dez novas milícias foram formadas no enclave recentemente.

Hossam al-Astal, líder de um desses grupos recém-formados e que opera na área de Khan Younis, disse ao jornal britânico que “o Hamas sempre apostou que não haveria alternativa para substituí-lo em Gaza, mas agora existe uma força alternativa ao Hamas”.

“Poderia ser eu, Abu Shabab ou qualquer outro, mas alternativas existem hoje. Sinto muito, mas trabalharei com o próprio diabo se isso me ajudar a proteger minha cidade. [O Hamas] precisa deixar Gaza”, afirmou Astal.

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