O setor de aviação no Brasil tem uma história bastante rica de empresas que tiveram sucesso, inclusive em viagens internacionais, mas deixaram de existir com o tempo. É o caso das gigantes Varig e Vasp, citando apenas dois exemplos que deixaram um grande legado no setor.
Só que o país também já teve muitas companhias aéreas regionais de destaque, atendendo mercados alternativos e muitas vezes deixados de lado por outras empresas. Neste segmento, poucas marcas tiveram um sucesso tão grande e breve quanto a Trip.
Quem mora em uma cidade que não foi atendida por aviões dela pode não conhecer o nome, mas esse empreendimento foi referência no setor por mais de uma década e hoje integra um dos grandes nomes da indústria nacional. A seguir, relembre ou conheça a trajetória da Trip e entenda o que aconteceu com essa marca.
O início da Trip
A trajetória dessa companhia aérea começa com o empresário José Mario Caprioli, cujo grupo era dono de empresas de transporte rodoviário. Em 24 de março de 1998, a empresa é criada em Campinas e começa a operar poucos meses depois.

O nome Trip tem dois significados: além de significar "viagem" ou “passeio” em inglês, ela é originalmente a sigla para Transportes Regionais do Interior Paulista.
Ela já começa como uma empresa de foco regional, ou seja, que atendia principalmente capitais fora do eixo mais ocupado por concorrentes. O empresário também focou em cidades de médio porte, com aeroportos pouco ou quase não atendidos por outras companhias aéreas.
Para além do grupo de Caprioli, com o tempo a companhia passou a ter controle parcial também do Grupo Águia Branca (50% do capital desde 2006) e da norte-americana SkyWest Airlines (20% adquiridos em 2008).
Expansão e atuação
As primeiras aeronaves da Trip eram modelos EMB-120 da Embraer para até 30 passageiros, seguindo a estratégia dela de atender demandas que exigiam aeronaves menores.
A rota Natal – Fernando de Noronha – Recife é o primeiro grande sucesso comercial da Trip, que só no segundo ano de operação começa a atender o estado de São Paulo. Aos poucos, ela constrói uma frota com aeronaves da francesa ATR, além da parceria com a brasileira Embraer.
A companhia se destaca pela atuação em Curitiba, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Guarulhos, Cuiabá, Manaus e Brasília, com viagens para cidades menores desses e de outros estados.
Após uma crise em 2001 que atingiu todo o setor após os ataques de 11 de setembro nos Estados Unidos, a expansão segue. Alguns acontecimentos notáveis incluem os seguintes feitos:
- Em 2005, a Trip expande na região Norte do Brasil em parceria com a Rico Linhas Aéreas;
- A sua principal movimentação de mercado vem em 2007, quando ela compra a companhia aérea rival Total. Nesse ponto, ela passa a atender 62 cidades e vira a maior regional da América do Sul;
- Neste período, ela também adquire as suas primeiras aeronaves de fábrica, dois modelos ATR 72-500;
- No ano de 2008, abre mais voos no Amazonas e no Pará e adquire os grandes e poderosos jatos Embraer 175;
- Em 2009, a Trip ultrapassou a marca dos 70 destinos;
- Já em 2010, o Grupo Caprioli vende as empresas de ônibus do conglomerado, aumentando o capital investido na TRIP;
- Para expandir os serviços, em 2011 nasce a marca Trip Cargo, para atuar no setor de transporte de cargas também com foco em cidades do interior;
O ano de 2011 é também importante por outro motivo. Em vias de virar o grupo Latam, a TAM anuncia a intenção de compra de participação na Trip, sendo que as duas já tinham acordos de voos conjuntos há anos. Porém, essa negociação não avançou e o destino traçado foi outro.
O que aconteceu com a companhia aérea Trip?
No fim de maio de 2012, a Trip anunciou uma fusão com a Azul Linhas Aéreas e a formação de uma holding de novo nome que juntava ambas, a Azul Trip.
Como parte da negociação, mais de 66% da participação era da Azul, enquanto o restante ficou com a Trip. As duas marcas estavam competindo em várias rotas e José Mário, que se tornou o primeiro presidente executivo da holding, viu ali uma oportunidade de consolidação.
Rapidamente, o nome Trip foi então abandonado em toda a identidade da nova marca, exceto por uma referência visual na logo da companhia: a troca do tom de cor em uma das letras de Azul, assim como era no símbolo da parceira. Entretanto, com o tempo e novas mudanças de design, isso também foi deixado de lado.
A Trip continuou existindo por mais alguns meses após a fusão, mas já com um acordo de compartilhamento de voos — o que significa que viagens de uma companhia podiam ser vendidas também pela outra. Em 2014, a marca já tinha deixado oficialmente de existir dentro da Azul.
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Juntas, as duas companhias operavam no momento da fusão 800 voos diários e a operação fez com que a Azul ficasse com 15% do mercado, virando uma das três maiores empresas de aviação do país (atrás apenas da então TAM e também da Gol).
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