Lavar o arroz faz diferença ou não? Nutricionista esclarece

18 horas atrás 6

Um hábito quase automático nas cozinhas brasileiras, lavar o arroz antes de cozinhar ainda levanta dúvidas — inclusive entre especialistas. “É um gesto que parece simples, mas pode ter implicações nutricionais importantes”, explica a nutricionista Larissa Luna, especialistas em nutrição funcional e saúde da mulher.

Segundo estudos científicos recentes analisados pela profissional, a lavagem do carboidrato não é um procedimento neutro. Pode remover algumas impurezas, sim — mas também leva embora nutrientes essenciais, especialmente quando se trata de arroz polido e enriquecido.

Foto em close up lavando arroz branco na pia. MetrópolesEstudo recente contesta práticas tradicionais e revela quando enxaguar os grãos realmente faz diferença

Nutrientes podem ir embora na água

“A variação branca que passa por enriquecimento recebe nutrientes como ferro, ácido fólico, tiamina e niacina na superfície do grão”, destaca Larissa. A lavagem pode remover parte significativa desses compostos, reduzindo o valor nutricional da porção final.

Além disso, Larissa explica que a água leva consigo minerais como potássio e vitaminas do complexo B — todas solúveis em água. Quanto mais demorada e intensa for a lavagem, maiores as perdas. “É um ponto que muita gente ignora, porque acredita que está apenas limpando o grão”, afirma a nutricionista.

E quanto aos contaminantes?

A principal justificativa para lavar o arroz, além da higiene, é tentar reduzir contaminantes como o arsênio — metal pesado que pode estar presente em solos onde o arroz é cultivado. Só que, segundo os estudos analisados por Larissa, esse efeito é bem limitado.

“A simples lavagem tem impacto pequeno em remoção de arsênio”, aponta. Já métodos como o cozimento com água em excesso (e posterior descarte da água) demonstram maior eficácia na redução desse contaminante, embora também provoquem mais perdas de micronutrientes.

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Adicionar vinagre pode evitar que o alimento estrague rapidamente

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O nutricionista indica trocar o arroz branco pelo integral, por ser mais rico em fibras

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Resfriar arroz branco aumenta a proporção do amido resistente, evitando picos de glicose no sangue

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O grão tem alto teor de carboidratos

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O arroz requentado não apresenta perigo por si só, mas pode causar intoxicação alimentar se não for mantido refrigerado ou se ficar durante muito tempo na geladeira

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Lavagem e textura: efeito menor do que parece

Para quem lava o arroz na tentativa de deixá-lo mais soltinho, uma ressalva: a diferença pode não ser tão perceptível assim. Estudos mostraram que o número de lavagens não altera  significativamente a textura do arroz cozido — especialmente em variedades já processadas.

Como preparar seu arroz com mais consciência

O ideal, segundo Larissa Luna, é adotar um equilíbrio entre sabor, segurança e nutrição. Algumas orientações práticas ajudam a tomar decisões melhores sem cair em extremismos.

  1. Prefira arroz integral ou menos processado: em grãos menos refinados, os nutrientes estão “embutidos” no grão, menos suscetíveis à lavagem superficial.
  2. Modere a lavagem – enxágue rápido e leve: se for lavar, basta enxaguar com água fria até que fique quase clara, evitando esfregar ou imersão longa.
  3. Adote métodos de cozimento que ajudem a reduzir contaminantes: métodos como cozinhar com água em excesso (e descartar o excesso) ou pré-fervura + absorção (“parboiling + absorção”) têm sido apontados como eficazes para remover arsênico com perdas menores.
  4. Varie os cereais da dieta: não consuma arroz em todas as refeições. Inserir quinoa, cevada, trigo sarraceno, milho, etc., para diversificar a ingestão de nutrientes e reduzir a exposição acumulativa.
  5. Fortaleça a dieta ao redor do arroz: se houver pequenas perdas de vitaminas e minerais no preparo, isso pode ser “compensado” com escolhas ao longo do dia: legumes, verduras, proteínas de boa qualidade, alimentos fontes de vitamina B, etc.
O arroz é uma ótima opção de carboidrato pós-treino

Sem drama: o arroz pode e deve continuar no prato

Lavar o arroz não é um gesto “tudo ou nada” – e sim “Uma escolha que deve ser feita com consciência. Não se trata de demonizar ou idealizar o alimento: o arroz pode (e deve) coexistir dentro de uma alimentação equilibrada, onde o cuidado no preparo é só mais um detalhe de uma nutrição de qualidade”, finaliza a nutricionista.

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