Brasil inicia colheita da safra de acerola e atrai interesse da indústria farmacêutica e de bebidas

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Uma fruta capaz de ser colhida até sete vezes por ano, típica de regiões mais quentes e que movimenta a renda de produtores brasileiros. A acerola está entrando, em outubro, em seu período mais produtivo. A fruta se destaca pelo alto teor de vitamina C, o que torna versátil, tanto para a indústria de sucos e polpas, quanto para a farmacêutica.

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A fruta chegou ao Brasil nos anos 1950, oriunda da América Central. Por esse motivo, ganho  o apelido de “cereja das Antilhas”. A acerola começou a ganhar destaque econômico por aqui a partir dos anos 1980. Atualmente, segundo a Embrapa, o Brasil produz anualmente cerca de 60 mil toneladas de acerola, sendo que 64% desse total é cultivado no Nordeste, sobretudo na região do Vale do São Francisco.

“Apesar do Nordeste ser uma região de clima semiárido, é favorável ao cultivo de frutas por não ter um grande histórico de pragas e doenças. É árido, mas com a irrigação fica perfeito para a fruticultura. E com a acerola não é diferente”, explica Adriano Franzon, professor de Agronomia na Una Uberlândia.

Esses números estabeleceram o país como o maior produtor, consumidor e exportador de acerola do mundo. A produção da fruta é direcionada principalmente para dois grandes mercados: a indústria de processamento de polpa e suco e o consumo in natura.

O principal desafio dessa cultura é sua curta durabilidade pós-colheita. A estimativa é que a fruta dure, em média, apenas 48 horas sem o resfriamento adequado. É devido a esse curto período que a maioria da produção acaba sendo absorvida pela indústria de processamento.

“Os produtores só fazem grandes cultivos próximos a indústrias de processamento, muito devido ao tempo entre a colheita e a fábrica. Só compensa se ficar a menos de 200 quilômetros de distância; se não, o produtor acaba perdendo muito dinheiro no frete. Tudo isso tem que ser considerado na hora de planejar o pomar do projeto”, aponta o professor.

Acerola (Crédito: Kling Dantas)

Na indústria, ocorre o beneficiamento, conservação ou transformação da fruta em diversos produtos, como polpa pasteurizada congelada, suco pasteurizado e extração de ácido ascórbico (vitamina C), destinado sobretudo à indústria farmacêutica para a elaboração de suplementos vitamínicos e outros produtos alimentícios especiais.

Fruta orgânica, mercado em alta

Kling Dantas, um produtor de acerola orgânica no Ceará, contou à Dinheiro Rural que, após trabalhar com diversas culturas, como melão, melancia e manga, escolheu ingressar no cultivo da fruta principalmente devido à estabilidade do mercado de acerola. Ele elenca uma série de vantagens, como a possibilidade de mão de obra mecanizada e baixo custo de produção.

O produtor optou por fazer o cultivo da fruta de maneira orgânica, sem utilizar defensivos químicos, o que, segundo ele, é mais rentável.

Acerola (Crédito: Kling Dantas)

“A diferença é que a acerola orgânica tem um valor de mercado muito mais elevado, de 40% a 50% mais caro do que o convencional. Apesar de ter um custo de produção também mais alto, a cultura tem muita resiliência e tolerância; é uma cultura fácil de fazer orgânica, e o mercado paga bem por isso. Se eu tiver 1.000 toneladas, 2.000 toneladas orgânicas, eu vendo antes mesmo de eu falar”, explica.

Dantas possui uma produção total de 16 hectares. Para a colheita, utiliza máquinas de colher café, porém ajustadas para acerola. O produtor explica que a colheita deve ser realizada com a fruta ainda verde, quando o teor de vitamina C é mais elevado. Ele possui parceria com uma empresa local que compra sua produção, processa e exporta para diversos destinos, como China, Europa e Índia.

*Estagiário sob supervisão

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